quinta-feira, março 16, 2006



Bem, isto de blogue tá fraquito!
Já tinham reparado?
De tempos a tempos é que me lembro disto; de resto o mundo hoje vive de caixas de correio electrónico cheias de mensagens úteis, giras, de partir, informativas, carinhosas, etc, mas certamente não essenciais...

De modo que me vou dedicar à pesca! Ou quase: vou concentrar-me no trabalhinho que tenho entre mãos que é a tesina e tem uma importância descomunal para o curso. Além disso, tenho lido e programado já o que será o meu trabalho de formação no próximo ano.

De maneira que acho que vou mesmo esticar o pesçoço da galinha que parecia já engripadinha...

A propósito: o Dalí é o meu pintor favorito- Cristo de S. João da cruz

domingo, fevereiro 19, 2006

Diário de um Pároco de aldeia






Procurei este filme durante algum tempo; quando era Pároco ofereceram-me o livro, de George Bernanos mas uns anos depois soube que existia o filme.
Lembrando-me eu de algumas partes que tinha lido, fiquei curioso, bastante curioso; os diálogos entre o padre e a condessa eram especialmente fortes - hum... como explicar? Um pouco fora deste mundo mas da melhor maneira possível!

Assim, enquanto não pôde ver o filme, fui lendo sobre ele... o que cada vez me acicatou mais a curiosidade: um filme de um grande cineasta, um filme minimalista, intimista, espiritual e revolucionário, num preto e branco de 1950.

De forma que quando inseri o dvd no computador tinha algumas espectativas sim, mas, mais que isso, um pressentimento de que ia gostar do filme e foi isso que aconteceu.

Regra: quando se gosta de um filme (muito!), não estragar a experiência que os outros ainda não fizeram, multiplicando os elogios e os conceitos.

Mas juro que empresto o dvd aos interessados!

segunda-feira, fevereiro 13, 2006




Depois de algum tempo de fatiga examinosa, eis-nos de regresso!

Agora é tempo de respirar novamente; como Adão no paraíso antes de Eva o ter enganado!

A sério, agora começo em trabalhos com a minha tesina, o trabalho que justificará a assinatura da carta de alforria mais conhecida como diploma...

Não tentem isto em casa; as imagens que se seguirão são protagonizadas por profissionais treinados e não por patos bravos.

Poesia time, enjoy the ride, make yourself at home, break your bone.




Atlantic

No guardanapo,
a negro, o nome do oceano

em algum dia em algum
segmento perdido do tempo

haveria de ter o Atlântico
por detrás de uma janela
como se fosse a montra de
nenhum outro bar

onda atrás de onda
e quando soprasse a nortada
e o vidro se confundisse
com os cristais do sal

círculo ao redor do copo

o oceano era a palavra que
levava aos lábios.

João M. F. Jorge

segunda-feira, janeiro 23, 2006

O sino


A igreja fica ao pé de um cemitério onde está sepultada uma rapariga que se chamava Unichetta.

Para se ver o sino, que é o mais velho da montanha, há um campanário que deve ter metro e meio de largura com duas escadas de mão que se enfiam primeiro num buraco: daqui sai a segunda que leva lá acima.

Ninguém sabe quem a fez e em que ano.

Um dia veio de Santarcangelo um homem de uns oitenta anos que é explorador de palavras escritas nos livros antigos ou nas pedras.
Um amigo de Pennabilli devagarinho ajudou-o a subir os degraus da primeira e da segunda escada até chegarem lá acima mortos de cansados e todos cheios de pó.

Assim que o professor viu aquele sino suspenso no meio da arcada que dá para o precipício, abraçou-o e manteve-o apertado durante dez minutos como se fosse um filho que tornasse da guerra.

Depois largou-o e ele e o outro desceram as escadas com todas as precauções.

Mal acabou de descer, sacudiu com grandes palmadas o pó do casaco e entretanto dizia que o sino o construíra Iacobus Aretinus em 1316. Como resolveu o problema só Deus sabe, porque, do lado que se via, o sino era liso e sem datas.

Soube-se um ano depois. Contou que a escrita no bronze estava do outro lado e ele lera uma letra de cada vez com os dedos. Por isso o abraçara, e não por outra coisa qualquer.



Tonino Guerra, O livro das igrejas abandonadas


Nota: Unichetta lê-se Uniquetta

terça-feira, janeiro 17, 2006

Sabedoria




Allegoria di saggezza e forza, Paolo Veronese (1580)




Para vir a saborear tudo,
não queiras ter gosto em nada.
Para chegar a saber tudo
não queiras saber algo em nada.
Para chegar a possuir tudo,
não queiras possuir algo em nada.
Para chegar a ser tudo,
não queiras ser algo em nada.

(...)

Quando já não o queria,
tenho tudo sem querer.
Quanto mais eu tê-lo quis,
com quanto menos me vejo.
Quanto mais buscá-lo quis,
com quanto menos me vejo.
Quando menos o queria,
tenho tudo sem querer.
Já por aqui não há caminho,
porque para o justo não há lei;
para si ele é a lei.

S. João Da Cruz
(Para o JTM)

Continuação de bons anos a todos: apareçam!

Teodoro

terça-feira, novembro 29, 2005

Festival del Cinema Spirituale

22-27 Novembro
Cinema Trevi- Cineteca Nazionale



Espelho Mágico (2005)

Uma adaptação de "A alma dos ricos" de Agustina Bessa Luís. Mais um filme literário de Manoel Oliveira: não é chá para todos mas o tema é interessante. Alfreda quer a todo o custo ver a Mãe de Jesus; quer fazer-lhe perguntas, quer que esta lhe explique como é a alma dos ricos. Interesse de sobra, não fosse as respostas ficarem para nós descobrirmos, no rolar do filme.
Valor: os personagens têm consistência e são diversificados. Desde o
encarcerado a quem morre de excesso de betismo.



O processo de Joana D´arc (1962)- Robert Bresson

Um filme de 65 minutos; apenas o julgamento de Joana segundo as actas do tempo (séc. XV). Uma maravilha se quisermos ver um filme que retrata uma época em vez de a deturpar e arredondar (para isso há os Reinos do Céu e outras porcarias que nos enfiam pela garganta abaixo como se fossem "históricos").






O grande siLêncio (2004)

É preciso estar na graça infinita de Deus para aguentar este- ou então recebê-la aqui- no bom sentido! Tudo neste filme é diferente e mais calmo. Os monges de La Grande Chartreuse, mosteiro austero dos Alpes, demoraram 16 anos até darem consentimento ao realizador Philip Grönig de viver entre eles 6 meses e fazer o filme.
Nada de falso ou manipulado num filme ao ritmo desta gente que vive só para Deus, num isolamento fecundo.
Outro ritmo, outro tempo: impressionante como comunicação do transcendente.

Sai-se deste filme com vontade de rezar e meditar.





Nostalghia (1983)

O primeiro filme de Tarkovskyj (russo, muito louvado) que vejo. Um pouco difícil porque é mais simbólico do que narrativo: mesmo assim há um cuidado com a imagem que lhe dá muito valor. A simbologia religiosa às vezes é um pouco evidente (pelo menos para quem anda "perto" dos altares): atravessar uma distância sem deixar a vela apagar-se- uma metáfora da fé claro. O louco que tem palavras de sabedoria? Louco anda o mundo, claro. Mas ainda bem que é assim senão seria demasiado fechado. Argumento a 4 mãos entre o realizador e Tonino Guerra.





Ferro 3 (2004) Kim Ki-Duk

Um rapaz pendura panfletos pelas portas durante o dia e à noite abriga-se nas casas em que estes não foram retirados. Uma vez encontra uma mulher e ela junta-se a ele.
Grandíssimo filme em que nada é previsível e tudo é elegante.

Se todos os filmes fossem assim, não havia mesmo tempo para mais nada.


Até um dia destes!

domingo, novembro 20, 2005

Oi!


















Tenho andado numa dobadoura. O reverendíssimo Júlio Rocha anda por terras romanas e então... é aproveitar tempos e lugares a revisitar os bons velhos tempos que permanecem (isto quando se não trabalha claro!).

Ah pois é!

Por coincidência, o tb reverendíssimo Mário Rui anda tb por terras romanas, de forma que tb então! :) Haja Deus! Enquanto for assim não vai nada mal!

Entretanto, nem antes nem depois mas sim em simultâneo com os eventos acima descritos, vai se ouvindo alguma musiquinha. Entre os cds de eleição Sketches of Spain do Miles (1960)

1. Concierto De Aranjuez (Adagio)
2. Will O' The Wisp
3. The Pan Piper
4. Saeta
5. Solea
6. Song Of Our Country


Bom; off for dinner now!